08 April 2014

Morreu Augusto Carneiro, um dos ícones do ambientalismo gaúcho

Morreu Augusto Carneiro, um dos ícones do ambientalismo gaúcho

Augusto Carneiro na Audiência Pública do Ministério do Rio Grande do Sul sobre a derrubada de árvores no entorno do Gasômetro - 19/2/2013 - Foto: Cesar Cardia
Augusto Carneiro na Audiência Pública do Ministério do Rio Grande do Sul sobre a derrubada de árvores no entorno do Gasômetro – 19/2/2013 – Foto: Cesar Cardia

Carneiro unia discurso à ação

Guilherme Kolling
“Aqui é tudo ecologia!” Esse era o bordão com que Augusto Carneiro (foto) chamava a atenção de clientes que passavam em frente à sua banca de livros na feira ecológica de sábado da avenida José Bonifácio, em Porto Alegre. Logo mostrava títulos sobre o tema ambiental e, vendendo ou não as publicações, distribuía propaganda ecológica – cópias de reportagens, em sua maioria, com temas que iam da importância de manter no solo as folhas secas que caem das árvores até o destino correto do lixo.
Carneiro foi um incansável divulgador das causas ambientais no Rio Grande do Sul. Mas o marcante, em sua trajetória, é que ele ia além do discurso, colocava em prática o que dizia. Era um homem de ação.
Em 2001, fui ao seu apartamento na rua da República para uma entrevista sobre o movimento ecológico gaúcho. Centenas de recortes de matérias de jornais e revistas, encadernados em imensos álbuns, não deixavam dúvidas sobre a atuação do grupo nas décadas de 1970 e 1980 – campanhas contra a poda incorreta de árvores na Capital, a poluição da fábrica de celulose da Borregaard, em Guaíba, ou a busca das causas do que ficou conhecido como Maré Vermelha, na praia do Hermenegildo.
Mas havia outras mostras de sua dedicação além dos registros da imprensa. Carneiro mantinha seis recipientes distintos para separar o lixo doméstico em sua residência. Em outra peça da casa, mais um exemplo: uma centena de exemplares do livro O Rio Grande do Sul e a Ecologia, coletânea de textos de Henrique Luís Roessler, que combatia o desmatamento e a poluição dos rios no Vale do Sinos nas décadas de 1950 e 1960. Carneiro reuniu os artigos e bancou a edição do livro.
Roessler inspirou Carneiro, que queria criar uma entidade ecológica. Depois de várias tentativas, conseguiu, em abril de 1971, quando, com a parceria de José Lutzenberger e Hilda Zimmermann, fundou a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan).
Carneiro e Lutzenberger - acervo  JÁ Editores
Carneiro e Lutzenberger nos anos 70 – acervo JÁ Editores
Secretário, tesoureiro, cobrador – eram mais de mil sócios em dia –, Carneiro assumia múltiplas tarefas na Agapan. Conseguiu até uma sede na Rua da Praia, onde ocorriam reuniões com palestras de Lutzenberger. Enquanto Lutz participava de debates, redigia artigos e concedia entrevistas, Carneiro organizava tudo, participava de ações de rua e fazia divulgação. “O noticiário era todo nosso, porque, durante a ditadura, havia censura à cobertura política ou qualquer tipo de protesto, então, ganhávamos um baita espaço. Eles não nos consideravam subversivos. Mas nós éramos”, costumava dizer.
É difícil mensurar o legado deixado por Carneiro, que morreu ontem, aos 91 anos. Mas, certamente, pode-se dizer que ele deu uma contribuição importante para que Porto Alegre seja uma cidade bem arborizada. A consciência ambiental da população também é um dos seus frutos.
Mesmo triste, Carneiro foi protestar contra os cortes de árvores no entortno do Gasômetro em 7 de fevereiro de 2013 - Foto: Cesar Cardia

Mesmo triste, Carneiro foi protestar contra os cortes de árvores no entorno do Gasômetro em 7 de fevereiro de 2013 – Foto: Cesar Cardia

Recentemente, ativistas subiram em árvores para evitar o corte – gesto que já ocorrera em 1975, quando a Agapan e estudantes conseguiram impedir a derrubada de árvores na avenida João Pessoa. Agora, a cidade acompanha a luta pela instituição do Parque do Gasômetro – Carneiro participou de campanhas que resultaram na criação dos parques do Delta do Jacuí, na Capital, de Itapuã, em Viamão, e da Guarita, em Torres.
Seriam necessárias várias colunas como esta para retratar a contribuição de Carneiro como ecologista, livreiro – participou da primeira Feira do Livro de Porto Alegre – e defensor do naturismo. Assim, deixo duas sugestões de leitura: Augusto Carneiro, depois de tudo um ecologista, de Lilian Dreyer (PeloPlaneta/Scortecci Editora, 2013), e Pioneiros da Ecologia, de Elmar Bones e Geraldo Hasse (JÁ Editores, 2007).
  
Coluna publicada em 08/04/2014 no Jornal do Comércio/RS
Link para a matéria no Jornal do Comércio:  http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=158751

FONTE: REDE Os Verdes/via Facebook- Gonçalo de Carvalho

21 July 2013

Coordenação da APEDeMA em reunião na Assembleia Legislativa/RS

Coordenação da APEDeMA em reunião na Assembleia Legislativa/RS
No sábado (20/07), a primeira reunião da nova Coordenação da Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente (APEDeMA/RS), ocorreu na Sala Maurício Cardoso, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, onde estiveram presentes 8 das 36 entidades afiliadas neste fórum das ONGs atuantes na defesa ambiental em todas as regiões do RS.
Na pauta, temas afetos a nova configuração que esta Coordenação composta pelas ONGs Biofuturo de Santa Maria, Os Verdes de Tapes e Solidariedade de Porto Alegre irá desenvolver nos anos de 2013 à 2015, visando ampliar as ações e atividades, voltando-se a interiorização dos debates, buscando diagnosticar a realidade vivida pelas ONGs no interior, com foco na mudança de atitude para enfrentar a luta ambiental diária.
Entre os planos, uma maior participação dos membros das ONGs afiliadas na APEDeMA/RS, com a criação de núcleos de debates sobre temas estratégicos, para viabilizar uma maior inserção das entidades nas decisões do coletivo sobre temas importantes, além de apoiar iniciativas e promover ações e projetos com esta intenção, a de reforçar, qualificar e dar visibilidade para as lutas locais, regionais e estaduais.
A necessidade de regularização e alteração dos Estatutos, também foi pautada, para que estes planos sejam viabilizados e possam dar condições de sustentabilidade na execução destas metas, que foram apresentadas na reunião.
Será convocada para breve, uma Assembleia Geral da APEDeMA/RS apenas com esta pauta, a de regularizar a situação estatutária e fiscal, com amplo debate que será travado com fins de melhorar a performance da entidade que hoje congrega 36 entidades, mas apenas um terço delas participa ativamente.
Este motivo, a falta de participação das demais entidades afiliadas, preocupa os atuais coordenadores, acreditando que a regionalização das reuniões da APEDeMA, irá favorecer um maior interesse destas afiliadas em participar do coletivo de ONGs do RS.
Estavam presentes na reunião as entidades GESP de Passo Fundo, Mira-Serra de São Francisco, AGAPAN de Porto Alegre, IGRÉ de Porto Alegre, Os Verdes de Tapes, Biofuturo de Santa Maria, BIOFILIA de Porto Alegre, CEA de Rio Grande e Solidariedade de Porto Alegre.
Crédito imagens: Eduino de Mattos
Fonte: REDE Os Verdes/via e-mail