25 November 2006

Seminário discute importância do Bioma Pampa

Seminário discute importância das áreas prioritárias para conservação
no Bioma Pampa no Estado

Realizado em Porto Alegre nos dias 30/31 de outubro e 01 de novembro, o seminário para atualizar as áreas consideradas prioritárias no bioma Pampa para a conservação, o uso sustentável e a repartição de benefícios teve grande presença de ambientalistas e técnicos dos governos, que foram avaliar e decidir quais são as áreas, sua importância e ameaças, além de definirem ações para preservação destes ecossistemas.

Participou da abertura do evento o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Claudio Langone e representantes dos governos federal, estadual e municipais, de universidades, do setor produtivo, de comunidades quilombolas e indígenas e de organizações não-governamentais.

O encontro foi realizado no hotel Coral Tower, na capital. A discussão trouxe para a pauta as áreas de importância biológica, indicadas pelos pesquisadores a partir de conhecimento técnico e científico acumulados por anos de estudos. Foram cruzados estes trabalhos com os resultados preliminares do Mapa dos Remanescentes do Pampa, que está sendo desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pela Embrapa.

Além de eventuais mudanças de conceitos sobre as áreas, também foram definidas quais as ações que serão executadas em cada área e qual delas exige uma intervenção mais imediata. As ações de fiscalização, estudo científico, uso sustentável e a criação de Unidades de Conservação fizeram parte também da pauta.

O Governo Federal está promovendo estes seminários regionais, como o de Porto Alegre, em todos os biomas brasileiros. O primeiro bioma a ser alvo de seminários para a definição de áreas prioritárias foi a Amazônia.

Áreas de Preservação na Região foram avaliadas pelos técnicos

O ponto definido como 1.23, com perímetro de abrangência na Floresta de Butiazais, localizada entre Tapes e Barra do Ribeiro, além das Lagoas do sete (do Cerro, Suja e Comprida) e o Pontal de Santo Antônio, na zona costeira interna da Lagoa dos Patos, foram avaliadas e assumiram uma outra classificação indicada pelos mapas dos pesquisadores, quando de "muito alta" foi ampliada para "extremamente alta" a importância biológica.

A necessidade de urgência nas ações seguiu a mesma avaliação de "extremamente alta", localizando-a como uma das mais importântes em termos de riqueza genética, segundo a Pesquisadora Luzia Chomenko, da FZB/RS, que possui um trabalho que trata das áreas úmidas e banhados, que segundo apontam, estão criticamente ameaçados neste Bioma.

Um relato das ações que ameaçam e impactam atualmente a região compreendida nesta área avaliada, foi apresentada pelo Ambientalista Julio Wandam, do Movimento Os Verdes de Tapes, que esteve presente ao encontro, onde informou aos pesquisadores e consultores do governo, que mais um perigo cerca a existência desta floresta e outros bens ecológicos, como a expansão das florestas de eucaliptos da Aracruz S/A que podem prejudicar o ambiente sob diversas formas, uma delas e a mais preocupante é a possibilidade de que os recursos hídricos sofram um impacto maior do que os que estão sendo feitos no momento, como a utilização das águas destas áreas nas lavouras de arroz.

Pressão sobre ecossistema há muito tempo impacta o ambiente

Segundo Wandam, durante suas colocações, a pecuária esta impedindo a regeneração natural da floresta, que estabilizou o desenvolvimento e corre risco de extinção, pois o gado pisa por sobre as novas mudas e comem os brotos. A agricultura traz os prejuízos da exaustão dos recursos hídricos, afetando a fauna terrestre e aves que se abastecem neste ambiente. O grave crime da caça predatória também está entre as pressões existentes na área, com a caça de capivaras e da captura de aves silvestres por vendedores clandestinos, que assim como as orquídeas, encontram compradores nas estradas e cidades.

Existe também, o problema da utilização de exemplares de orquídeas e outras plantas, com fins comerciais, sem que existam licenças ou outorgas para a coleta e a utilização destes produtos. 

A conservação da fauna é preocupante, pois existem animais tidos como extintos, habitando este ecossistema, que vão desde animais de pequeno porte, como as lagartixas listradas até aves como a Ema, o Leão baio, Mão pelada, Tamanduá mirim e Gatos do mato. 

egundo dados técnicos, existem algo em torno de 2.021 espécies da fauna e flora neste ambiente, sendo que 27 deles ameaçados de extinção.Este também é o perigo que cerca o Bútia capitata, espécie considerada em vias de extinção segundo o Livro Vermelho que traz a listagem dos animais e vegetais em perigo no RS.

Ações para criação de Unidade de Conservação

Durante as avaliações, foram consideradas a necessidade de criação de uma Unidade de Conservação de proteção integral, visto as várias evidências da importância e da raridade deste ambiente e dos impactos que este vem sofrendo no decorrer de décadas, o que segundo informações, estaria sendo impedido pela preocupação dos grandes proprietários em relação a perda da posse de terras, que passariam a pertencer a União.

"Existem outras formas de preservar...", segundo o ambientalista, "mas, todas elas dependem de vontade política e reconhecimento que este assunto é nosso, dos Tapenses, que devem abrir a discussão em todas as pautas possíveis, afim de que a preservação não venha impositiva de parte do Governo Federal, mas sim, seja construida pelos atores-sociais da comunidade e pelas autoridades locais". 

Para ele, "basta que este assunto seja tratado à luz da democracia, para que todos possam opinar e concluir que é mais importante preservar como está, sem mexer mais no ambiente, estabilizando o desenvolvimento econômico, no ponto em que esta, e impedindo agressões futuras, preservando para um aproveitamento que não coloque mais em risco a natureza abundante da área"

Artigo publicado no site em Novembro de 2006

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