04 December 2006

Não aos Eucaliptos da Aracruz no Butiazal de Tapes

Carta Aberta aos Ambientalistas do Estado
NÃO aos Eucaliptos da Aracruz no Butiazal de Tapes
A expansão dos interesses econômicos da Aracruz S/A, além de toda a infraestrutura que esta sendo montada e com todo apoio do setor político, que abriu as portas para os "investimentos" destas empresas no Rio Grande do Sul, não consideraram e nem mesmo cedem as evidências e aos fatos, de que os impactos que estas monoculturas podem acarretar ao meio ambiente são reais e podem ocasionar danos severos no recurso mais precioso da região, o recurso hídrico.
Tudo normal, e até mesmo comum quando se tratam de "negócios" que envolvem os recursos da natureza.
Muitas florestas de Eucaliptos foram plantadas na região situada entre Tapes e Barra do Ribeiro, localizadas nas áreas contíguas à Floresta de Butiazais, que na cidade de Tapes possui 800 hectares intocados. Este ambiente natural, é uma área que há décadas sofre impactos ambientais decorrentes das formas econômicas de exploração na agricultura e pecuária, além da silvicultura dos últimos 30 anos. Atualmente a Floresta é reconhecida, por diversos estudos, como de importância Biológica por abrigar algo em torno de 2021 espécies da fauna e flora, sendo que 27 destas espécies encontram-se em processo de extinção. Pesquisadores e técnicos apontam que esta área é de grande fragilidade ambiental, pois esta formada originalmente por uma matriz heterogênea composta por áreas úmidas, terraços lacustres e capões florestais, além de estar enquadrada como uma das paisagens naturais notáveis do estado.
Segundo a FEPAM, “a Região dos Butiazais de Tapes é objeto de estudo do Projeto PROBIO do Ministério do Meio Ambiente em parceria com a Fundação Zoobotânica/RS, e apresenta evidente fragilidade ambiental, sendo uma das áreas prioritárias para a Conservação da Biodiversidade”. (cf. Indef. Nº 14/2006-DL Fepam para Autorização de plantios de Eucaliptos para Aracruz S/A).
Tal interesse se mantém e outras autorizações foram emitidas, estas de n° 00428/2006, que encontra-se vigor e com vigência até 31/12/2006 que autoriza o plantio de eucaliptos na estrada Barra-Tapes, Fazenda Butiá - Distrito Sede e outra encontra-se em análise no processo n° 08547-0567/06-5 para plantio na Fazenda Ventura, também em Tapes.
O que pedimos é simples, NÃO aos Eucalitos dentro desta área, ou próximo desta área ou que possa de alguma maneira ser derrubado algum pé de Butiazeiro neste habitat, para plantio de eucaliptos.
Seremos radicais, mas dentro da LEI e buscando sempre o "Remédio Jurídico" para acionar a Justiça no momento devido e com as provas da necessidade de preservação desta área, que se acumulam nas academias e nos órgãos do estado e da união, que gastam enormes somas para avaliar o que é evidente, mas não são ativistas ao ponto de militar para que estas provas sejam usadas para salvar um patrimônio ambiental do estado do Rio Grande do Sul, pois se trata de uma das paisagens naturais notáveis, protegida pela CF (art 23 - III)
"É competência comum da União, dos Estados, do Distrito federal e dos Municípios:

III - Proteger..., as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;"


Há algumas evidências, sem estudos mais profundos, de que esta floresta possuí algo em torno de 300 anos, e teria sido plantada por índios que utilizavam este caminho, para a caça e pesca nas áreas da lagoa do Cerro e em Tapes, antes da chegada dos colonizadores, que também sugerem serem os motivos da migração destes indígenas em direção ao sul, da região da Barba Negra para a região costeira interna da laguna dos Patos, devido a pressão da colonização em Porto Alegre à partir de 1750. Outros motivos para a formação seriam a utilização desta fruta na alimentação básica de várias espécies de mamíferos, répteis e aves silvestres que dispersaram estas sementes. Tal é a beleza deste ambiente, que lá convivem harmonicamente nos pés de butiás, orquídeas, cactos, bromélias, ripsális, samambaias e até figueiras que se entrelaçam aos troncos desta espécie que está na lista das consideradas em risco de extinção (c.f. Lista de Espécies da Flora ameacadas de extinção - SEMA-RS)
A necessidade de Preservação desta área, não é objeto de interesse somente de ambientalistas e técnicos das universidades, mas de todas as pessoas que possuem ligações com este território cobertos pelas árvores de “Butiá capitata” e outras variações, além das florestas de Nativas, como Figueiras e as Erethrinas, e espécies da Flora em extinção que co-habitam estas árvores protegidas por lei. Todas as autoridades públicas, donos de terras e pequenos produtores têm consciência da grave pena que é imposta e das elevadas multas à que estão sujeitos os infratores das leis ambientais, logo seria improcedente manter ou dar continuidade aos impactos que ora sofrem estes recursos hídricos, genéticos, de fauna e flora.
O que se presupõe, e se espera, é uma inversão destas ações cotidianas e até culturais de utilização do meio ambiente nesta região, com uma mudança lenta e gradual rumo a novas atividades que possam desenvolver as comunidades do entorno, sem agredir a natureza e sem colocar em risco a produtividade futura até mesmo das grandes extensões de lavouras de arroz, que predominam atualmente nesta ambiente, causando inúmeros impactos, segundo todos os estudos existentes.
Por estes motivos pedimos apoio de todos os ambientalistas, entidades ecólogicas e movimentos verdes, para que juntos possamos frear a sanha capitalista dos negociantes de nosso futuro comum, e para que entendam e respeitem as áreas prioritárias para a conservação da diversidade biológica dos ecossistemas e para que possamos acreditar que existirá este futuro para nós e as próximas gerações.


Este manifesto foi divulgado e entregue material sobre o assunto durante o XXVI Encontro Estadual de Entidades Ecológicas do RS, realizado em Guaíba/RS nos dias 02 e 03 de dezembro 2006

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