25 November 2006

População nota efeitos do aquecimento global 27-09-2006

 População nota efeitos do aquecimento global

Eventos "anômalos" relacionados ao meio ambiente e ao clima têm acontecido com freqüência considerável nos últimos dez anos. O número e a força dos ciclones que surgem em algumas partes do mundo têm aumentado, a exemplo da última temporada de furacões nos EUA. Segundo os cientistas, isto é, comprovadamente, conseqüência da emissão de gases de efeito estufa pelo homem. Alguns outros eventos de menor escala - ou não -, como a presença de pingüins na costa brasileira, têm ocorrido na natureza. Para a população, eles também são resultados das mudanças climáticas.

Se são frutos do chamado aquecimento global, os especialistas não possuem dados para confirmar. Mas também não descartam essa possibilidade. O que se pode dizer, nas palavras de Thelma Krug, representante brasileira no IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e pesquisadora do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), é que a intensidade e a periodicidade desses eventos tiveram sim um incremento.

O aquecimento global e os fenômenos negativos que podem surgir a partir dele estão bastante relacionados com os hábitos de consumo. Boa parte das emissões de gás carbônico vem queima de carvão e combustíveis derivados de petróleo para geração de energia para indústrias, transportes motorizados e abastecimento de energia elétrica de casas, atendendo, portanto, ao consumidor. Em países em desenvolvimento como os latino-americanos e alguns asiáticos, o desmatamento para produção de alimentos e abastecimento da indústria moveleira também responde por parcela considerável de liberação de gás carbônico para a atmosfera.

Daí o poder do consumidor em contribuir para a reversão desse processo, agindo de forma consciente na compra, uso e descarte de produtos, premiando ou punindo empresas que tenham a sustentabilidade como princípio e mobilizando outras pessoas para que atuem da mesma forma.
Mudanças no planeta.
Confirmando as palavras da pesquisadora Thelma Krug, os eventos extremos relacionados ao clima já são perceptíveis para qualquer pessoa que se atente à natureza. Cinthia Nemoto, mergulhadora e profissional do setor de Marketing e Serviços na capital paulista, notou que há vários pingüins, cujo habitat são geralmente lugares muito frios como a Antártida, no caminho para as praias em que costuma visitar, em São Paulo e no Paraná. "As correntes marítimas geladas [que trazem pingüins] sobem, mas não voltam. O pingüim fica só o tempo que ele agüenta, depois morre", diz.

Para ela, esta situação é causada pela ação humana sobre o planeta. "O homem não está dando tempo para a natureza. Tudo que o homem faz com a natureza acaba retornando pra ele, de alguma forma. Mesmo que não seja a curto e médio prazo".

O jardinista Julio César Wandam, de Tapes (RS), relata a conversa que teve com um produtor de mel há cerca de três meses, numa viagem para Gramado: "Ele me contou que a produção havia caído naquela temporada. A temperatura derrubou as flores antecipadamente e, quando as abelhas chegaram, não conseguiram fazer a polinização". As flores servem como fonte de néctar e pólen para as abelhas. Sem a nutrição adequada, algumas castas de abelhas morreram, conta o jardinista.

Ambientalista desde 1989, Wandam também notou alterações na temperatura de sua região. "Aqui, normalmente é frio, mas às vezes está a 30ºC, depois 12ºC, depois dá uma chuva torrencial. A última estiagem no Sul foi em 2005 e continuamos sentindo os efeitos. O governo continua gastando dinheiro com isso até hoje".

Em Crisciúma (SC), a psicóloga Janice Martignago também tem uma lembrança de quando era criança de sua região que não se repete mais. "Lembro-me de estar no velório do meu avô paterno, no mês de julho, e a neve cobrindo a Serra Catarinense. Hoje, raramente cai neve com a mesma intensidade em São Joaquim e Urubici".

Janice também acredita que isso seja resultado da intervenção do homem sobre o meio ambiente. "O número de casas, prédios e outras construções cresce de maneira estrondosa. Locais onde antes havia vegetação fechada, agora dão lugar a grandes construções". Para ela, que desenvolve uma monografia de pós-graduação sobre Responsabilidade Social Empresarial, a melhor maneira de combater as agressões ao meio ambiente é conscientizar e educar as pessoas das conseqüências das ações do homem sobre a natureza.

27 de Setembro de 2006
Fonte: Instituto Akatu

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